Vandinha abre os olhos... Dormiu no chão da sala, jogada como uma moradora de rua... Aliás, sua casa andava no estado de arrumação que parecia muito com ela naquele momento, havia sapatos espalhados, roupas e copos vazios... Vandinha fica parada, passa os olhos pela sua sala, pensa como anda desleixada, mas não consegue levantar e arrumar, pensa como a casa reflete nossa vida e percebe que sua cabeça anda bem perturbada e bagunçada.

Levanta-se, olha para a porta, relapsos de memória vem a tona, lembra-se de alguém esmurrando a porta, mandando abrir, faz um esforço para colocar tudo em ordem na sua cabeça e conforme vai arrumando a sala, tirando e colocando coisas no lugar, limpando e se movimentando, seus pensamentos agem da mesma forma. Vandinha começa ter certeza que sua consciência quer colocar alguma coisa para fora, mas ainda não sabe o que.

Era domingo, Vandinha abre a janela,  e um maravilhoso sol de inverno entra pela sua casa e atravessava sua alma, sabe que o melhor é sair um pouco de casa, mas ao invés disso recolhe-se nas suas angústias e pensamentos confusos. Vandinha precisa de ajuda, mas quem precisa desse tipo de ajuda nunca admite a si mesmo, nesse caso, ela admitia, o que denunciava o quão seu estado era deplorável. Vanda liga para Marcela e pede socorro que prontamente vai a seu encontro.
Marcela chega à casa de Vandinha e a vê como uma louca, agachada no canto da parede, cabelos desgrenhados, olhar perdido... Marcela diz:
-Vamos Vandinha, vou te levar no hospital, você não está bem amiga.
-Marcela, você acha que estou louca?
Diz Vanda, com voz doce e calma. Marcela olha para ela por alguns segundos enquanto tenta caminhar com até a porta e responde:
-Acho que você está precisando de ajuda. Um tipo de ajuda que eu não posso dar...
Entram no elevador, abraçadas e em silêncio, a voz de Vandinha quebra o silêncio:
- Marcela, você não é só minha amiga, você é uma irmã, minha família, meu tudo.  Quero te agradecer, mas palavras não serão suficientes...
Saem do elevador e Marcela diz:
-Vamos, Mathias está lá fora, no carro, para levar a gente.

Vandinha para. Arregala mais seus olhos azuis, ficam perturbadores e fita Marcela. Suas mãos tremem... A verdade começa a vir à tona em sua mente confusa. Vandinha olha para fora e vê o homem da noite passada e retrasada. Seu coração dispara, era o mesmo homem, o marido da sua melhor amiga. E Vandinha lembra tudo... Era ela, ela mesma, Vanda, amante do marido de sua melhor amiga, a verdade que dói na sua alma, em uma de suas almas, era como se duas almas habitassem um mesmo corpo. Vandinha grita um grito de terror, que ecoa na portaria do prédio, Marcela atônita, não sabe o que fazer... Diz:
- Calma Vanda, o que foi?

Vandinha sai correndo pela rua, seu vestido branco balança ao vento da loucura, olha, mas não vê direção, quer libertar sua  alma, seu corpo e sua mente. Atravessa a rua e é atropelada por um carro que a joga longe. Vandinha consegue libertar sua alma do corpo que tanto a fez sofrer.

Marcela corre, Mathias corre, todos em volta de Vanda que morta no chão esboça um leve sorriso no rosto, Mathias desesperado, agarra-se ao corpo de Vanda e grita:

-Meu amor!!! Meu amor!!! Meu amor!!!

2 Comentários

  1. li tudinho, to esperando mais publicaçoes a tempos e vc nada, kd vc to com saudades, gosto dos seus pensamentos, volta logo.

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  2. Oi Fabiana, sou eu Viviane filha de Adriana, eu olhei o seu blog e achei muito legal e engraçado. Um abraço! Tchau.

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