Era novo no trabalho. Nunca viu aquele homem. Foi muito simpático com os outros inclusive com ela. A voz era firme, grossa e o jeito de andar era de um balanço malandro que chamava-lhe a atenção. Não era um homem bonito, era muito charmoso e tinha jeito de macho, de homem de verdade, diferente dos garotões que trabalhavam por lá.  As mulheres ficaram “ouriçadas” com a novidade masculina no ambiente e um “zum, zum, zum” de risadinhas e fofoquinhas predominou a semana inteira desde que Tomás começou a trabalhar na empresa.

Tomás... Era esse o seu nome. Alguém cochichou isso perto dela. E quando levantou o olhar, o viu passar pelo corredor, andando com aquele gingado que ela desejou ter somente para si. Queria aquele homem, mas não tinha idéia de como fazer isso, não tinha idéia de como se aproximar e de se mostrar. Virou e deu de cara com um enorme espelho que havia no hall da copa, se olhou e tentou imaginar o que de atraente poderia existir nela. Viu uma mulher, bonita, mas com poucas vaidades, sem maquiagem, cabelo preso, óculos e disse para si mesmo:
- Putz... Nenhum homem na face dessa terra vai me querer assim. Preciso tirar isso da cabeça e me concentrar no trabalho.

E quando decidiu não mais pensar em Tomás eis que no apertado elevador Tomás veio de encontro com seu corpo. Foi pele com pele, cheiro com cheiro e... Atração por atração. Sentiu seu corpo todo se arrepiar e se pudesse o beijaria ali mesmo. Viu quando levantou o olhar para ela, deu aquele sorrisinho, seguido de uma piscadinha safada e disse:
-Apertado aqui, né Bianca?
Ele sabia seu nome! Ela não sabia o que responder, a sensação de ouvir seu nome da boca que queria beijar foi extremamente prazerosa:
-Oi? Como?
-Apertado aqui?
-Ah! Sim! É sempre assim...
-Só assim para conseguir falar com você moça. Eu vi aquela campanha que você elaborou do sapato. Muito boa!
-Obrigado. Não sabia que conhecia meu trabalho.
-Sim conheço...
Os dois se olharam sem graça, aquele papinho furado de elevador com várias orelhas prestando atenção sem que nenhuma palavra a mais fosse trocada.

O dia seguinte foi de uma nova Bianca. Ela solou os cabelos, passou uma leve maquiagem e colocou uma roupa mais feminina. Essa mudança e a curta troca de palavras no elevador foi o suficiente para gerar fofocas a respeito de Bianca e Tomás.  O chefe de Bianca a chama na sala dele:
-Dona Bianca gostaria de alertá-la quanto à proibição de relacionamentos no ambiente de trabalho...
-Como? Não entendi...
-Sim, a senhora e o recém contratado do marketing, Tomás... Eu não sei como começou e onde começou, mas informei a quem me disse tal coisa que a senhora e esse senhor não são casados...
-???????????????????????!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Bianca deixa a sala do chefe sem saber se cai na gargalhada ou se chora dando gostinho a quem “discretamente” prestava atenção nela... Então ela dá uma gargalhada estrondosa e vai em direção a Tomás numa mistura de loucura, raiva e pavor. Tomás olha para ela, ela olha para ele e os dois se beijam escandalosamente. Uma espécie de roda da fofoca se forma em torno deles, olhares de desprezo e de confirmação.  Então depois de alguns minutos de beijo caliente Bianca larga Tomás e diz:

-Desculpa... Mas levar fama sem ir para a cama e nesse caso sem nem ao menos beijar, ia me enlouquecer!
-Mas isso pode piorar a situação!
-Piorar? Eu acabei de ser demitida! Sem nem ao menos te beijar...
-Demitida pelo quê? Bianca EU SOU GAY!!!


3 Comentários

  1. Muito bom, Fabiana.
    Pior do que ficar com fama, é ficar co fama sem merecer e neste caso, sem nem ter chance de ficar com a fama.
    Abraço.

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  2. Pobre Bianca! Mas não era mesmo o dia da coitada! hahahaha!

    Eu se fosse o chefe daria mais uma chance a ela - ainda mais vestida e produzida daquele jeito rsrs É muita falta de sorte em um dia só.

    Continuação: o patrão e o Tomás! Cru-zis!

    Bjs!

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  3. hahahhahaha ameiiii seguindoo me siga tbm bjokass
    http://dicasdadacy.blogspot.com/

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